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As 18h30 não havia ninguém da manifestação no local |
Na tarde de 12/04 o que era para ser mais uma tentativa de abaixo assinado para acabar com a Ordem dos Músicos do Brasil, acabou se transformando num verdadeiro fiasco. A Frente Brasil pelo fim da Ordem dos Músicos do Brasil, liderada pelo deputado Carlos Giannazi, convocou pela internet músicos para participarem das suas manifestações, criou um site, abaixo assinado on-line, prometeu distribuir cartazes, panfletos, faixas, incentivando a movimentação de uma centena de músicos, que compõem a massa dos 65 mil inscritos na OMB/CRESP e nada aconteceu.
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Voluntários de campanha no Masp desde as 12hs, não
presenciaram nenhum movimento dos 'potenciais manifestantes' |
Das 14hs até as 16hs em que estivemos no vão do Masp na Paulista,não vimos nenhum movimento por parte dos tais manifestantes. Todo o alvoroço não passou de marketing político virtual. Às 19 horas retornamos ao local e os únicos que ainda estavam por lá eram os policiais de plantão e os promotores de uma entidade de defesa da criança com uma campanha chamada "Save the Children", que informaram que no período de nossa ausência não houve nenhum movimento de nenhuma classe musical.
Recentemente, o Deputado Estadual Carlos Giannazi, está se aproveitando de uma minoria de músicos mal informados, que ao invés de comparecerem à OMB para somar forças, fazerem suas reclamações e solicitações, estão se apoiando numa imagem política equivocada e vice-versa. Através dos impulsos revoltosos desses formadores de opinião, o marketing viral que está se alastrando, só favorece o político, pois sem saberem, os músicos participantes do movimento, na realidade estão sendo usados para propaganda política espontânea. Além disso, a nota sobre o evento publicada no site da Cooperativa Cultural (
http://www.coopcultural.org.br/), foi considerada irregular de acordo com as normas do site, que quando ficou ciente da publicação, removeu imediatamente.
A Ordem dos Músicos do Brasil passou por um período de estagnação de 40 anos na antiga administração, deixando muito a desejar e decepcionando seus afiliados. Durante esse tempo na administração de Dr. Wilson Sandoli, nada foi feito, nem mesmo a cobrança ao Ministério do Trabalho pela fiscalização dos direitos dos músicos. A OMB só existia no papel, com notícias de arbitrariedades e desvios financeiros, o que justifica a revolta dos músicos mais antigos.
A nova diretoria formada por músicos, professores e maestros está se empenhando para recuperar o tempo perdido e criar novas ações para a valorização da profissão de músico, através de cursos em sua sede, palestras, workshops, encontros, homenagens, conscientização e como é de sua atribuição, a fiscalização.
A questão não é se você pode ou não exercer a profissão de músico. Qualquer pessoa, pode aprender a tocar um instrumento ou cantar auto - didaticamente ou escolher passar anos em uma faculdade estudando para poder fazer parte de um projeto profissional maior. Alguns querem virar artistas, outros apenas músicos e neste caso, precisam ganhar o pão de cada dia e pagar suas contas, com direito à aposentadoria, uma vez que se tornam empregados de casas noturnas ou artistas. É aí que entra a OMB/CRESP que quando fiscaliza uma casa noturna e muitas vezes, até multa a casa, tem por objetivo formalizar a firmação de um contrato, através da famosa “nota contratual”, que garantirá ao músico, os seus direitos à aposentadoria no futuro.
Como querer se aposentar, se o músico não cobra do empregador pelo menos “A NOTA CONTRATUAL”?
Em qualquer profissão em que se presta serviço, como pedreiro, cirurgião dentista, arquiteto, empregada doméstica, advogado, decorador, etc., se não for realizado um contrato, uma das partes pode sair prejudicada, haja vista a grande disseminação dos empreendedores individuais nos dias de hoje (no qual também o músico está inserido).
Em São Paulo, os verdadeiros profissionais da música, não reclamam em filiar-se porque tem consciência de que a OMB é o órgão regulamentador da profissão de músico, assim como a OAB para os advogados e pelo contrário, até se orgulham em possuir um documento de identificação profissional. Muitos outros confundem a Ordem dos Músicos com um Sindicato dos Músicos, que seria o responsável pelos possíveis benefícios e convênios o qual nada tem a ver com a Ordem. Parte dessa confusão se estabeleceu nos anos anteriores, na administração de Wilson Sandoli, que vinculava o recebimento da anuidade da OMB com a do Sindicato.
Como é de se esperar, no nosso Brasil que anda com os valores invertidos, alguns músicos preferem ficar em sua zona de conforto, sentados em suas cadeiras, esperando que algum Deputado se manifeste em seu favor e não estão se dando conta de que com a exterminação de seu órgão de classe, qualquer um pode fazer música, muitos vão continuar “pagando para trabalhar” os donos de casas noturnas que lucram horrores vão continuar ganhando dinheiro à rodo e os músicos, serão reduzidos a “bobos da corte”, fazendo a festa enquanto passam fome, sendo discriminados até que um dia, a tão honrada profissão, deixará de existir e será reduzida a uma mera demonstração de alegria momentânea.
A tão repugnada Lei nº 3.857/60, ainda é a única que pode defender o músico da exploração e de um triste fim, desde que seja cumprida com rigor, porém sabe-se que leis que podem garantir direitos e beneficiar pessoas de bem em nosso país, não costumam ser cumpridas e alguns políticos empenham-se em derrubá-las em detrimento de seus próprios interesses. É lamentável!
Por: Claudia Souza